quinta-feira, 7 de abril de 2011

"Só queria ir morrer a casa"

Foi este o último desejo manifestado ontem pelo Sr. L quando falei com ele. E eu, como sempre fazia todos os dias, ofereci-lhe um sorriso e garanti-lhe, convicta do que afirmava: "Ó Sr. L, claro que ainda vai voltar para casa para estar com o seu filho e os seus bisnetos...". Mas não, o Sr. L não pôde cumprir o seu último desejo! Hoje de manhã quando cheguei junto da sua cama só estava um corpo destituído de vida, de desejo por cumprir. E chorei. Não tanto pela sua morte, mas porque o último sítio que o acolheu foi uma cama fria de hospital, as últimas pessoas em quem tocou foram profissionais de saúde. Não sei a história de vida do Sr. L, tão pouco se era boa pessoa, com uma vida digna, mas sei que o filho e netos o visitavam todos os dias. No fundo sinto cá dentro uma revoltazinha, porque nas últimas 4 semanas a preocupação foi diagnosticar a origem do tumor a um senhor de quase 90 anos e não devolvê-lo à família para morrer rodeado dos que mais ama. Isto faz-me pensar quais são os limites dos cuidados de saúde e até onde é legítimo "brincarmos" aos deuses...

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